O Canibalismo da nossa Via Láctea.!

 
  Sempre que você vai a um lugar afastado da civilização e dá de cara com um céu noturno totalmente escuro e estrelado, logo você consegue identificar a majestosa Via Láctea.! Sempre com uma aparência serena e encantadora. Mas, na verdade, a Via Láctea é uma gigantesca e insaciável devoradora de galáxias.! Ela devora galáxias anãs que estão no grupo local por meio da sua enorme força gravitacional. Apesar de não parecer, existem vários vestígios de outras galáxias dentro da Via Láctea. Sempre quando observamos enormes aglomerados globulares que estão no halo da nossa galáxia se movimentando em um sentido contrário ao que as estrelas normalmente se movimentam. Essas eram possíveis galáxias anãs.! Um dos exemplos mais simples é o enorme aglomerado de Ômega Centauro, ou NGC 5139. Ele é o aglomerado mais massivo já conhecido e, muito provavelmente, era o núcleo de uma galáxia anã que foi engolida pela Via Láctea a anos atrás.

Em vários cenários sugeridos por teorias e cálculos, galáxias iriam crescendo com fusões e com o canibalismo de galáxias menores. E sempre que se olhava para o grupo local de galáxias se perguntava: Como um grupo pode ter tão poucas galáxias.? E a resposta estava sobre nossos narizes. Não temos tantas galáxias no grupo local porque as grandes galáxias ( Andrômeda, Via Láctea e a do Catavento ) já haviam devorado várias e deformado a grande maioria, deformado tanto que se tornou muito complicado vê-las hoje, até mesmo com telescópios espaciais.! A nossa Via Láctea e a enorme Andrômeda exerce uma enorme força da maré sobre essas pequenas galáxias que são esticadas como espaguetes, sobrando apenas dois destinos: ser engolida por elas ou ser despedaçada e continuar orbitando uma das galáxias.! As forças da maré também arrastam gases e estrelas, criando enormes trilhas que logo se dissipam por estarem tão esticadas. Para os cientistas e astrônomos, identificar rastros do canibalismo galáctico na nossa galáxia é uma tarefa nada fácil. Isso porque, a maioria das fusões aconteceram nos primórdios da nossa formação galáctica. Assim, existem tão poucos vestígios que acaba sendo um trabalho complicado.!

O caso mais observado é o das Nuvens de Magalhães.



Estudos sugerem que elas era apenas uma galáxia que foi esticada e se partiu em duas.! Grandes evidências disso é que existem um pequeno rastro de gás que quase ligam as duas nuvens. Esse rastro, chamado de corrente, possui mais de 600.000 anos-luzes de extensão, além de seguirem orbitas que caem na Via Láctea.! Um astrônomo da Califórnia estudou a duas Nuvens de Magalhães e divulgou que elas estão se movimentando muito rapidamente, e essa aproximação com a Via Láctea aconteceu a pouquíssimos anos atrás. Segundo ele, esta é só a primeira passagem das galáxias.! Isso mostra o poder devastador da enorme força da maré da Via Láctea. Além das Nuvens de Magalhães, já foram encontrados várias correntes nas constelações da Carina, Leão, Ursa Menor e Escultor. Mas, de fato, o caso mais surpreendente é o da anã de Sagitário.! O grande evento da anã de Sagitário aconteceu quando um astrônomo fazia observações e, acidentalmente, notou que algumas das estrelas mais vermelhas da constelação se movimentavam com uma velocidade diferente daquela que estamos acostumados, além de se movimentarem em conjunto.! Depois ele coletou mais espectros de estrelas que estavam no mesmo local e todas elas se movimentavam do mesmo jeito. Depois de várias pesquisas, foi descoberta uma enorme corrente de gás e estrelas que circundava a Via Láctea. A corrente era os restos de uma anã onde seu núcleo estava na direção da constelação de Sagitário, justamente onde havia um enorme véu de gases e poeira estelares que encobriam a enorme corrente. A galáxia apresentava uma deformação enorme com visíveis maustratos da nossa vizinha, Andrômeda. Na foto abaixo você consegue ver a melhor simulação da enorme deformação da anã Sagitário:



Após todos essas pesquisas, o mesmo astrônomo que a achou disse que vários aglomerados que eram considerados da nossa galáxia foram roubados da galáxia anã. E então abriu um leque gigantesco. Havia uma imensa possibilidade de que existem vários restos que outras galáxias aqui, e também vários outros rastros poderiam estar ocultos no plano da Via Láctea.!
  Com essa questão em aberto começou uma enorme caça por objetos que possuíam características e movimentos diferenciados pela Via Láctea. Logo foram encontrando vestígios de outras galáxias em Hércules, Boötes, Canes Venatici, Coma Berenices, Ursa Maior e em Leão. Todas estavam fora dos braços espirais da Via Láctea, o que sugere que eles foram anexados depois da formação da nossa galáxia. E o mais incrível é que há correntes que estão, relativamente, perto da Terra.! Hoje sabemos que aconteceram centenas de fusões de galáxias anãs só pela Via Láctea. Espero que com o tempo o homem consiga entender mais sobre o canibalismo da nossa própria Via Láctea.!