The Perfect Storm

13-05-2012 11:59

 



    Quem nunca viu uma foto da gigantesca Nebulosa de Orion.? Quem nunca viu uma estrela esfumaçada na espada de Orion em uma noite limpa e escura.? É certo que a Nebulosa de Orion, ou M42, é um dos objetos mais magnânimos do céu noturno e até hoje, um dos mais estudados. Essa nebulosa de emissão é apenas uma pequena parte do gigantesco complexo de nuvens moleculares chamado de Nuvem Molecular de Orion, ou NMO.
    Mesmo sendo enorme, a M42 é a chave para explicar eventos que ocorrem em toda a Nuvem Molecular. A NMO abriga quase que a constelação de Orion inteira, possuindo nebulosas de emissão, reflexão e escuras. No extremo noroeste da M42 situa-se um pequeno aglomerado responsável por praticamente, toda a radiação expelida pela nebulosa. Antigamente, no início da exploração da M42, esse aglomerado era visto como apenas uma estrela, chamada de Theta¹ ( θ¹ ) Orionis.



    Com o avanço dos telescópios notou-se que essa estrela era um pequeno aglomerado de estrelas da classe espectral O e B, ou seja, gigantes azuis. Essas classes de estrelas são as mais massivas, radiativas e ativas de que se tem notícia. O aglomerado tem o formato de um trapézio com quatro estrelas e, com o tempo, perceberam outras estrelas menores e binárias. Observe na foto abaixo:

        

     Mas, uma estrela se destacava dentro desse grupo. Apesar de ser todas gigantes azuis, a Theta¹ ( θ¹ ) C Orionis era mais brilhante, massiva e ativa que as outras. Ao estudá-la melhor descobriu-se que ela era a única da classe espectral O e que possuía dimensões imensuráveis. Tal como uma massa de 40 vezes a massa do Sol, temperaturas superficiais de 40 mil K ( 39.727ºC ), 210 mil vezes mais luminosa ( não confundir luminosa com brilhante ) que o Sol e possuía ventos estelares que viajavam a mais de 9,2 milhões de Km/h.!
    Esse "monstro" emanava seu vento com quantidades gigantescas de energia e de partículas que se chocavam com os ventos estelares das outras estrelas do trapézio, criando uma gigantesca “tempestade” de partículas carregadas e de gás ionizado. Essa tempestade é parecida com a descrita no livro de Sebastian Junger, The perfect storm, que quando duas frentes atmosféricas massivas se colidem no Oceano Atlântico formam-se gigantescas ondas e as piores tempestades torrenciais.
    As ondas do choque atravessam toda a Nuvem Molecular de Orion criando vários efeitos colaterais. Em primeiro pode-se perceber o gás ionizado por toda a M42, no Laço de Barnard, na M43, NGC 2024 e na Nebulosa da Cabeça de Cavalo. Isso resulta na formação de várias nebulosas de emissão na grande maioria dessas regiões. Outra consequência é a formação de maternidades estelares na M42, M43 e na NGC 2024.
   Mas, assim como a perfeita tempestade no Oceano Atlântico, no grande complexo de Orion é só um fenômeno passageiro. Mesmo sendo monstruosa a Theta¹ ( θ¹ ) C Orionis possui um tempo de vida muito curto. Como a lei das estrelas diz, “quanto mais massa e mais ativa você for, mais cedo morrerá” Theta¹ ( θ¹ ) C Orionis possui um pouco mais de 1 milhão de anos para continuar a provocar a The perfect storm. Depois disso, ela se arderá em uma supernova onde liberará toda a energia contida no seu núcleo de forma dramática e instantânea.
   Essa supernova poderá resultar em uma destruição de grande parte do complexo de Orion e na criação de uma nova forma para essa Nuvem Molecular. A radiação da supernova de Theta¹ ( θ¹ ) C Orionis poderá acelerar o processo de formação estelar e, logo depois, espalhar toda a nuvem, impossibilitando a formação de novas nebulosas como M42, transformando a Nebulosa de Orion em um gigantesco aglomerado aberto daqui uns 4 milhões de anos. O cadáver da estrela poderá se tornar um gigantesco pulsar ou um buraco negro. Em ambos os casos formará um região ativa de características únicas, que são impossíveis de se prever.

Fontes: Revista ASTRONOMY Especial temática nº1 
           en.wikipedia.org

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